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País quer parceria chinesa em inovação

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse ontem em Pequim que a exploração das reservas do pré-sal vai aumentar ainda mais o peso dos bens básicos na pauta de exportações do Brasil, que corre o risco de "ficar prisioneiro da doença holandesa", fenômeno que provoca a desindustrialização em razão da forte apreciação do câmbio decorrente da exportação de produtos básicos.

A entrada de dólares já levou a uma significativa alta do real, que hoje é o "problema fundamental" da falta de competitividade brasileira, avaliou Mercadante, que chegou ontem à capital chinesa para acompanhar a visita que a presidente Dilma Rousseff inicia hoje ao país."Por que nosso superávit comercial caiu de US$ 40 bilhões para US$ 20 bilhões?", questionou o ministro. Segundo ele, não foi por causa dos juros altos, da carga tributária nem das deficiências de infraestrutura, outros fatores responsáveis pela falta de competitividade brasileira. Foi por causa do câmbio.

O ministro não disse, mas o problema é especialmente agudo na relação com a China, país que intervém pesadamente para manter sua moeda em patamar depreciado em relação ao dólar, enquanto o real se valoriza de maneira constante. Em sua opinião, o caminho para mudar o perfil das exportações e da economia brasileira é o investimento em inovação, e um dos pontos altos da visita presidencial será a busca de parcerias com os chineses nessa área. Parte dos recursos para esses investimentos deve vir da receita obtida na exploração de recursos naturais, como petróleo e minério, observou.

O desequilíbrio na qualidade da pauta do comércio bilateral foi demonstrado por Mercadante com números enfáticos: o preço médio do que a China exporta para o Brasil é de US$ 3 mil a tonelada, enquanto o do que o Brasil vende para a China é de US$ 163.

Inovação. O Brasil também quer aprender com a experiência da China, que investe quase 2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento e colocou a inovação no centro do Plano Quinquenal para o período 2011-2015, disse Mercadante. Em sua opinião, sem uma estratégia clara nesse setor, o Brasil tende a ser um exportador de produtos primários, como minério de ferro, petróleo e soja, e importador de bens de alto valor agregado. "Ou nos acomodamos em ser exportadores de commodities ou enfrentamos a agenda da inovação."

A situação se agrava mais ainda com a clara estratégia chinesa para a inovação, que leva ao aumento constante do valor agregado de sua pauta de exportações. Mercadante deu outros números para mostrar a disparidade entre exportar commodities e bens de alta tecnologia: o Brasil precisa vender 21,5 mil toneladas de minério de ferro para comprar 1 tonelada de semicondutores, um dos principais produtos que o país importa da China. No caso da soja, a relação é de 1.700 toneladas para 1.

Dilma quer atrair investimentos chineses para a área de alta tecnologia no Brasil e terá encontros com os dirigentes das fabricantes de equipamentos de telecomunicações ZTE e Huawei, que já atuam no Brasil e podem anunciar expansão de seus negócios no país durante a visita. A presidente também vai se reunir com representante da Foxconn, a maior fabricante de eletrônicos do mundo, que trabalha em esquema de terceirização para marcas globais como Apple, Dell e HP.

Mercadante ressaltou que o Brasil já tem produtos de alta tecnologia para vender para a China, entre os quais estão os aviões da Embraer e os ônibus da Marcopolo. O problema é que as duas empresas enfrentam barreiras para entrar no mercado local, que refletem a política industrial chinesa de dar prioridade aos produtores nacionais.

Amanhã, Mercadante e outros representantes brasileiros da área de ciência e tecnologia se reunirão com seus pares chineses para definir áreas de cooperação para desenvolvimento de projetos conjuntos em ciência e tecnologia. Será o mais importante encontro do tipo já realizado entre os dois países e a intenção é que as discussões gerem medidas concretas, a primeira das quais já vai ser anunciada na visita: a criação do Centro Brasil-China de Nanociência e Nanotecnologia.

Os setores identificados pelos dois lados para possível cooperação são: energias renováveis, nanociência, tecnologia da informação, tecnologias agrícolas e ciências espaciais. Todas foram declaradas como estratégicas pela China no Plano Quinquenal 2011-2015 e em algumas delas o Brasil já obteve progressos, como tecnologias agrícolas e energias renováveis.

Fonte: O Estado de São Paulo