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O que a sua startup pode aprender com o pitch de outra empresa

Quais são as medidas para fazer um bom pitch? A cultura de descrever seu negócio em um tempo minúsculo – geralmente cinco minutos – em busca de investimentos e parcerias ainda não se disseminou completamente entre empreendedores e startups do país. “O brasileiro sempre pensa em agradar, mas é preciso ter um pouco de malícia e de agressividade para conquistar alguém com um pitch”, afirma Pablo Handl, cofundador do espaço de coworking The Hub em São Paulo. “Precisamos dar um salto de qualidade, principalmente porque todo mundo quer investir no país e é preciso garra para conquistar com o pitch.”

O The Hub e a Artemisia, aceleradora de negócios sociais, realizaram ontem (17/11) a sexta edição do Mega Startup Lab, em que empresários, investidores e consultores avaliaram os pitches de 23 startups. A ideia foi preparar essas empresas para que saiam em busca daquilo que precisam para decolar. Das empresas que avaliou, Handl afirma que todas erraram em um quesito principal: não foram direto ao ponto. “O empresário brasileiro gosta de começar contando toda a história da empresa, tentando comover e com medo de pedir”, diz. “Ele precisa mudar essa ordem. Tem de mostrar qual é o produto ou serviço da empresa e o que ela precisa.”

Confira outras lições que surgiram desses pitches:

1. Mostre o diferencial do seu produto
O Ateliê do Papelão é uma empresa que desenvolve produtos a partir de papelão reciclado. Seu dono, Carlos Eduardo Pedrino, foi ao Mega Startup Lab para conseguir novos parceiros em vendas. A banca de avaliadores, porém, não conseguiu identificar outro diferencial além de seu conceito de sustentabilidade. “Muitas empresas já fazem produtos parecidos. Onde está o valor agregado dos seus produtos, além de apenas a consciência ecológica?”, perguntou Handl.

A comissão avaliadora, formada por Handl, do The Hub, Maurício Escobar, da Anima Educação, Eduardo Strang, da Factor4, e Paola Tucunduva, da Evolution Training, também afirmou que faltava ao negócio definir que público ele gostaria de atingir e qual o seu perfil.

2. Tome cuidado com a crise de identidade
Cláudio Leite apresentou sua empresa, a Photorcida, como um site que tira e divulga fotos de pessoas em partidas de futebol, muito parecido com aqueles que cobrem eventos e baladas. Mas, logo depois, começou a falar sobre como o portal também venderia ingressos para partidas e traria informações sobre os jogos. A renda do negócio viria da publicidade e de um percentual das vendas. A banca ficou confusa sobre qual era a essência do site. “Parece que as fotos são apenas um chamariz para a o comércio dos ingressos”, avaliou Paola Tucunduva, da Evolution Training. “E ganhar com publicidade é muito difícil. Você precisa ter uma visitação muito grande.”

Mauricio Escobar, da Anima Educação, ainda salientou que tinha dúvidas se o negócio conseguiria enfrentar a concorrência dos grandes sites de vendas de ingressos. “Pelo nome e pelo começo da sua fala, o foco do negócio deveria ser as fotos”, disse.

3. Dê atenção para o plano de negócios
Mesmo sendo uma empresa de tecnologia, não perca de vista o plano de negócios. Quando Daniel de Medeiros apresentou a Innovare Technologies, uma startup que utiliza um sistema para acompanhamento remoto de informações de saúde e vitalidade, a banca achou seu pitch muito explicativo e técnico. Mas pouco ligado à parte de negócios.

O sistema desenvolvido por Medeiros funcionaria tanto para o usuário final quanto para academias de ginástica, médicos e nutricionistas. Mas ele não conseguiu definir exatamente de onde viria sua receita. Parte da banca avaliou que sua empresa deveria ser focada em médicos e nutricionistas, já que sistemas de monitoramento de dados vitais para o usuário final estão se popularizando, principalmente na forma de aplicativos.

4. Seja claro sobre o que sua empresa faz e mostre o que ela precisa
A Bambu Carbono Zero realiza projetos feitos com bambu. Mas, depois da apresentação de Rafael Cosentino, a banca avaliadora não conseguiu dizer ao certo quais eram os produtos vendidos pelo negócio nem o que ele estava procurando no evento. Maurício Escobar, da Anima Educação, aconselhou Cosentino a falar mais sobre por que seu produto é inovador e a se perder menos na história da empresa.

Não ficou claro também como era o sistema de produção da Bambu. Na oportunidade de fazer uma tréplica, Cosentino explicou que estava atrás de investimento para fazer seu negócio ganhar escala, importando equipamentos para tornar a produção e a extração do bambu mais eficientes. Isso, segundo a banca avaliadora, deveria ser uma das primeiras informações mencionadas no pitch.

5. Tenha um projeto afinado e seja realista sobre a concorrência
Renato Ezquerro apresentou o projeto para o portal UmGrupo, que ele descreve como um site de comprar coletivas ao contrário: os consumidores dizem o que querem comprar, e o site sai atrás de empresas que estejam dispostas a vender esses itens. O modelo também serviria para reunir pequenas empresas e realizar compras em grupo, visando uma negociação melhor com fornecedores. Ezquerro reconheceu que sofreria forte concorrência de grandes nomes como Peixe Urbano, o que foi avaliado positivamente pela banca. Mas é preciso também pensar no que fazer para contornar isso.

A comissão achou a primeira proposta do site contraditória com o modelo padrão de sites de compras coletivas, que se baseia no impulso do consumidor. “Você está tentando tornar isso algo racional”, disse Eduardo Strang. Já a parte de compras em grupo pareceu mais promissora, só que ainda um pouco complicada. Para a banca, o modelo precisava ser mais afinado, principalmente em relação a que segmento de empresas o negócio irá abarcar. “Querer atender a todos pode ser demais”, disse Paola Tucunduva.

Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios